O mistério pascal nos sacramentos da Igreja (CIC § 1122 a 1130)

III. Os sacramentos da fé

Os sacramentos não só supõem a fé, mas por palavras e coisas também a alimentam, a fortalecem e a exprimem. Por esta razão são chamados "sacramentos da fé".

Cristo enviou seus apóstolos para que “em seu Nome fosse proclamado a todas as nações o arrependimento para a remissão dos pecados” (Lc 24,47). “Fazei que todos os povos se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). A missão de batizar, portanto a missão sacramental, está implícita na missão de evangelizar, pois o sacramento é preparado pela Palavra de Deus e pela fé, que é assentimento a esta Palavra:

O povo de Deus congrega-se antes de mais nada pela Palavra do Deus vivo. (...) A proclamação da Palavra é indispensável ao ministério sacramental, pois se trata dos sacramentos da fé, e esta nasce e se alimenta da Palavra [PO 4] .

Como diz o Catecismo, o sacramento é preparado pela Palavra de Deus e pela fé, que é assentimento a esta Palavra.

A última ordem que Jesus deu aos seus discípulos, momentos antes de Sua ascensão ao céu, foi aquele claro "ide". Foi a última e decisiva recomendação para a Sua Igreja: "Ide, pois, ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi" (Mt 28,19-20). É por causa desse "ide" que a Igreja está espalhada ou presente pelo mundo inteiro.

São Paulo alertava os cristãos de Roma: "Logo a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo" (Rm 10,17). Quer dizer, a fé entra pelo ouvido; por isso, é preciso anunciar o Evangelho a todos.

Meu irmão, Jesus ama cada pessoa individualmente, e não quer perder nenhuma, pois cada alma foi criada à sua imagem e semelhança, para ser feliz e viver para sempre com Ele. Pelo valor de cada pessoa Ele desceu do céu e sacrificou a sua vida para nos resgatar para Deus.

É uma grande "frustração" para Jesus perder uma alma. No céu não pode faltar ninguém que foi criado à imagem de Deus. Por isso, Jesus convoca cada um de nós, eu, você que está me escutando e também aquele que não está sintonizado na Rádio Nazaré, para irmos buscar cada uma das ovelhas desgarradas da "Casa do Pão", de nossa cidade de Belém, de nosso Estado e até fora de nosso pais.

Jesus disse: "Descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força, sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia, na Samaria e até os confins do mundo" (At 1,8).

E não pode haver para cada um de nós missão mais nobre e mais digna do que esta; ajudar Jesus a salvar as almas.

Que beleza meu irmão e irmã! Deus confia em cada um de nós e chama a cada um para o ajudar nesta bela missão de "ser testemunha de Jesus". Não importa se você é letrado(a) ou analfabeto(a); pobre ou rico, capacitado ou não. Ele sempre nos capacitará se estivermos dispostos a dizer como o profeta: "Eis me aqui Senhor, enviai-me!" (Is 6,8-9).

 

CIC § 1123

“Os sacramentos destinam-se à santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo e ainda ao culto a ser prestado a Deus. Sendo sinais, destinam-se também à instrução. Não só supõem a fé, mas por palavras e coisas também a alimentam, a fortalecem e a exprimem. Por esta razão são chamados sacramentos da fé" [SC 59] .

Amigo(a) ouvinte, os sacramentos são sinais de fé porque não só supõem a fé em quem os recebe, mas porque alimentam, fortalecem e exprimem a fé. (cf. Sacrossanctum Concilium 59).

Eles supõem a fé e não têm sentido senão para os que crêem.

Por outro lado é um testemunho da fé aproximar-se dos sacramentos. Expressamos nossa fé ao pedir o batismo de uma criança, comprometendo-nos a educá-la na fé de nossa Igreja ou, se for adulto, assumindo o compromisso e deveres de cristão e católico.

É também a fé que nos leva a confessar os pecados ao sacerdote para receber o perdão de Deus.

A mesma fé nos faz receber o corpo de Cristo na sagrada comunhão.

Não nos esqueçamos de que cada vez que recebemos os sacramentos, eles alimentam e fortalecem nossa fé. Jesus disse: "não são os sãos que precisam de médico, mas os enfermos; não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mc 2,17). Por isso, nós não vamos comungar porque nos achamos santos, mas porque queremos nos santificar, crescer na fé, na esperança, na caridade, congregados num só corpo com Cristo e os irmãos.

Logo após a comunhão em determinado tempo litúrgico, a Igreja costuma fazer uma oração na missa pela evangelização dos povos dizendo: "Nutridos pelo sacramento da nossa redenção, nós vos pedimos ó Deus, que este remédio da salvação eterna, faça crescer em nós a verdadeira fé. Por Cristo, Nosso Senhor. Amém!".

Viver pela fé meu irmão e irmã não é algo fácil, mas ao invés de confiarmos em nossas fraquezas humanas, devemos nos abandonar totalmente nas mãos de Deus. Isto quer dizer morrer para si mesmo; o que só é possível pela graça de Deus e muita perseverança. Façamos isso e seremos felizes!

CIC § 1124

A fé da Igreja é anterior à fé do fiel, que é convidado a aderir a ela. Quando a Igreja celebra os sacramentos, confessa a fé recebida dos apóstolos. Daí o adágio antigo: lex orandi, lex credenci (“a lei da oração é a lei da fé”) (ou então: legem credendi, lex statuat supplicandia – a lei do que suplica estabeleça a lei do que crê, segundo Próspero de Aquitânia [Indiculus, c. 8: DS 246 (PL 51,209). Tradução: a lei do rezar determine a lei do crer [século V]). A lei da oração é a lei da fé, ou seja: a Igreja traduz em sua profissão de fé aquilo que expressa em sua oração. A liturgia é um elemento constitutivo da santa e viva Tradição [Cf. DV 8] .

Neste parágrafo o Catecismo nos mostra que: "A fé da Igreja é anterior à fé do fiel, que é convidado a aderir a ela. Quando a Igreja celebra os sacramentos, confessa a fé recebida dos apóstolos". Meu irmão, esse é um argumento forte em favor do grande cuidado na formulação, nos gestos e nas normas das celebrações litúrgicas.

A santidade não está necessariamente ligada ao estudo. Mas é certo que todo cristão, dentro do seu alcance, deve aspirar a conhecer sempre melhor as verdades da fé, reveladas através da Bíblia e da Tradição oral, como a Igreja apresenta. Quem mais conhece a Deus e seu plano, mais pode amá-lo e serví-lo, mais pode identificar-se com os textos sagrados que a Liturgia oferece como alimento espiritual. A Liturgia da Palavra e o Ofício Divino (Salmos, hinos e leituras) mais podem ser assimilados (humanamente falando) por quem mais conhece as verdades as grandes verdades que lhe são subjacentes. De resto, a doutrina da fé e a Liturgia estão estritamente ligadas entre si, conforme o axioma dos antigos: Lex orandi lex credenci, ou seja, o conteúdo da oração deve corresponder ao conteúdo da fé.

Dentre os grandes mananciais da doutrina cristã e de sólida espiritualidade destacam-se os Padres da Igreja. São padres (pais) porque, pela palavra da fé retamente formulada, ransmitiram a vida às gerações futuras.

A relação entre a fé da Igreja e sua celebração litúrgica foi encapsulada em um dito antigo "a lei da oração é a lei da fé", ou "deixar a lei da oração determinar a regra da fé". Essa afirmação da fé católica é creditada a Prospero de Aquitânia, do 5º século.

A Igreja crê como ela reza. "A liturgia é um elemento constitutivo da santa e viva Tradição" da Igreja (cf. Dei Verbum 8).

CIC § 1125

É por isso que nenhum rito sacramental pode ser modificado ou manipulado ao arbítrio do ministro ou da comunidade. Nem mesmo a suprema autoridade da Igreja pode alterar a Liturgia ao seu arbítrio, mas somente na obediência da fé e no religioso respeito do Mistério da Liturgia.

Você percebe que conforme nos ensina o Catecismo a Igreja não permite ao ministro ou à comunidade modificar ou manipular qualquer sacramental ou mesmo o rito litúrgico geral. "Mesmo a suprema autoridade da Igreja não deve mudar a liturgia arbitrariamente, mas tão somente em obediência à fé e com respeito religioso ao mistério da liturgia" (CIC, 1125).

A Igreja é incisiva nesse ponto: "A mesma Igreja não tem nenhum poderio sobre aquilo que tem sido estabelecido por Cristo, e que constitui a parte imutável da Liturgia. Posto que, caso seja rompido este vínculo que os sacramentos têm com o mesmo Cristo que os tem instituído e com os acontecimentos que a Igreja tem sido fundada, nada seria vantajoso aos fiéis, mas sim poderia ser gravemente danoso. De fato, a sagrada Liturgia está estreitamente ligada com os princípios doutrinais por que o uso de textos e ritos que não têm sido aprovados leva a uma diminuição ou desaparecimento do nexo necessário entre a lei da oração é a lei da fé." (A Redemptionis Sacramentum 10).

As reflexões feitas nos levam a perguntar quem tem autoridade sobre a sagrada liturgia. Quem decide sobre os textos, as cerimônias, as normas? Nós não podemos nos dar o luxo de ser vagos nisso.

O Concílio Vaticano II não é ambíguo: "Regular a Sagrada Liturgia compete unicamente à autoridade da Igreja, a qual reside na Sé Apostólica e, segundo as normas do direito, no Bispo. Em virtude do poder concedido pelo direito, pertence também às assembléias episcopais territoriais competentes, de vários gêneros, legitimamente constituídas, regular, dentro dos limites estabelecidos, a Liturgia." Então o Concílio adiciona a advertência: "Por isso, ninguém mais, mesmo que seja sacerdote, ouse, por sua iniciativa, acrescentar, suprimir ou mudar seja o que for em matéria litúrgica". (SC 22).

Essas regras não são um sinal de falta de respeito por quem quer que seja. Elas derivam do fato de que a liturgia é uma celebração da Igreja universal. "As orações dirigidas a Deus pelo sacerdote que preside, na pessoa de Cristo, à assembléia, são ditas em nome de todo o Povo santo e de todos os que estão presentes. Os próprios sinais visíveis que a Sagrada Liturgia utiliza para simbolizar as realidades invisíveis foram escolhidos por Cristo ou pela Igreja." (SC33).

Dessas considerações segue que uma atitude de "faça por si mesmo" não é aceitável no culto público da Igreja. Ela causa dano ao culto da Igreja e à fé das pessoas. O povo de Deus tem o direito de que a liturgia seja celebrada como a Igreja quer que ela seja (cf RS 12). Os mistérios de Cristo não podem ser celebrados de acordo com gosto ou capricho pessoal. "O 'tesouro' é demasiado grande e precioso para se correr o risco de o empobrecer ou prejudicar com experimentações ou práticas introduzidas sem uma cuidadosa verificação pelas competentes autoridades eclesiásticas" (EE 51).

CIC § 1126

De resto, visto que os sacramentos exprimem e desenvolvem a comunhão de fé na Igreja, a lex orandi é um dos critérios essenciais do diálogo que busca restaurar a unidade dos cristãos [Cf. UR 2 e 15] .

“Jesus Cristo quer que Seu povo cresça sob a ação do Espírito Santo, através da fiel pregação ao Evangelho e da administração dos sacramentos e mediante um Governo amoroso, realizado pelos apóstolos e seus sucessores, os bispos e o sucessor de Pedro como chefe. E ele próprio, através de tudo isso e por obra do mesmo Espírito, realiza a comunhão na unidade: na confissão de uma única fé, na comum celebração do culto divino e na fraterna concórdia da família de Deus." (U R 2).

Assim, pela pregação da palavra de Deus e pelos sacramentos, a Igreja cresce.

Para refletir:

Amigo(a) ouvinte, a leitura orante da Palavra de Deus junto com os sacramentos são a espinha dorsal da nossa vida cristã. Deus pode vir ao nosso encontro em todas as estradas.

Ele não nos mostra o caminho, faz muito mais: Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Na sua palavra e nos sacramentos guardados e ministrados pela Igreja, o fiel encontra a luz para seus passos e alimento para a caminhada em direção à casa do Pai.

IV. Sacramentos da salvação

CIC § 1127

 

Celebrados dignamente na fé, os sacramentos conferem a graça que significam [Cf. Conc. de Trento: DS 1605 e 1606] . São eficazes porque neles age o próprio Cristo; é ele quem batiza, é ele quem atua em seus sacramentos, a fim de comunicar a graça significada pelo sacramento. O Pai sempre atende à oração da Igreja de seu Filho, a qual, na epiclese de cada sacramento, exprime sua fé no poder do Espírito. Assim como o fogo transforma nele mesmo tudo o que toca, o Espírito Santo transforma em vida divina o que é submetido ao seu poder.

Os Sacramentos são esses sinais comunicadores da graça divina. Eles transmitem a graça que eles significam. Essa graça é a graça santificante, que sempre é sacramental, visto que a santificação nos é sempre comunicada pelos sacramentos.

Cristo deu origem aos sacramentos e é o Autor dos mesmos pelo próprio fato de ser Ele, pessoalmente, na sua humanidade concreta e visível, o Sacramento Primordial e Essencial da salvação; o Filho de Deus, pela sua natureza humana, revelou e comunicou a salvação da qual é autor como Deus e é portador como homem; Ele é, pois, o Sinal eficaz, por excelência, dessa salvação. É Ele afinal qe encontramos atuando em cada sacramento.

Há em todos os sacramentos um denominador comum, que é o conceito de sinal eficiente ou sinal que realiza o que ele assinala. Assim, a água do Batismo indica purificação da criança e a realiza.

Quando a Igreja nos alcança, é Cristo que nos alcança; quando a Igreja nos batiza, é Cristo mesmo que nos batiza; quando a Igreja nos perdoa pela Confissão, é Cristo mesmo que nos perdoa..; isto é, a Igreja é a portadora e administradora da salvação, através dos Sete Sacramentos que ela ministra em nome de Jesus.

CIC § 1128

Este é o sentido da afirmação da Igreja [Cf. Conc. de Trento: DS 1608] : os sacramentos atuam ex opere operato (literalmente: “pelo próprio fato de a ação ser realizada”), isto é, em virtude da obra salvífica de Cristo, realizada uma vez por todas. Daí segue-se que “o sacramento não é realizado pela justiça do homem que o confere ou o recebe, mas pelo poder de Deus [Sto. Tomás de Aquino, S. Th. III,68,8] ”. A partir de momento em que um sacramento é celebrado em conformidade com a intenção da Igreja, o poder de Cristo e de seu Espírito agem nele e por ele, independentemente da santidade pessoal do ministro. Contudo, os frutos dos sacramentos dependem também das disposições de quem os recebe.

Os Sacramentos agem "ex opere operato", quer dizer, pela força do próprio rito, independente da santidade do ministro; em outras palavras, é Cristo quem ministra todo e qualquer Sacramento, pois Ele é o único sacerdote do Novo Testamento; os demais ordenados são seus ministros. Nem a santidade nem o pecado do ministro humano afetam a validade dos sacramentos. Da parte do ministro humano, o que se requer é que seja validamente ordenado, aplique a matéria e a forma devidas e tenha a intenção de fazer o que Cristo faz, mediante a Igreja, ao ministrar os sacramentos.

A doutrina do ex opere operato nada tem a ver com magia, isto é, não dispensa o sujeito receptor dos sacramentos de criar em si boas disposições para que a graça oferecida produza nele os seus frutos. O sacramento validamente ministrado pode ser ineficaz ou estéril no fiel que o recebe sem fé ou com apego ao pecado. Cristo não salva o homem sem a colaboração do homem. Esta colaboração é condição para que o sacramento seja fecundo na vida do cristão.

CIC § 1129

A Igreja afirma que para os crentes os sacramentos da nova aliança são necessários à salvação [Cf. Conc. de Trento: DS 1604] . A “graça sacramental” é a graça do Espírito Santo dada por Cristo e peculiar a cada sacramento. O Espírito cura e transforma os que o recebem, conformando-os com o Filho de Deus. O fruto da vida sacramental é que o Espírito de adoção deifica [Cf. 2Pd 1,4] os fiéis unindo-os vitalmente ao Filho único, o Salvador.

Pelos sacramentos, Jesus Cristo nos comunica a salvação que nos veio trazer. Assim como a Igreja, os sacramentos são sinais da salvação que Jesus nos trouxe. Os sete sinais que nos comunicam a vida divina como que acompanham todas as etapas e situações de nossa vida humana.

Os sacramentos transmitem a graça que eles significam. Essa graça é a graça santificante, que sempre é sacramental, visto que a santificação nos é sempre comunicada pelos sacramentos. Acontece, porém, que cada sacramento nos aplica a graça de Cristo-Sacramento segundo aspectos diversos; com efeito, cada sacramento desdobra o mistério de Cristo dentro das circunstâncias em que o homem o recebe.

"Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus e há um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo que se deu em resgate por todos" (1Tm 2,4-6).

Pela Sua pregação e pela Sua morte e ressurreição, Jesus é não só a revelação de Deus, mas a presença salvífica de Deus no mundo. Quem de nós não sente necessidade da misericórdia de Deus e de sua copiosa redenção? "A redenção é comunicada aos homens mediante a proclamação da Palavra de Deus e os Sacramentos" (Papa João Paulo II).

Jesus ressuscitou e habita no meio de nós. Os escritos do Novo Testamento não relatam quem Jesus era, mas quem Ele é. Mais que meros documentos históricos, esses escritos eram o poder de mudar a vida do fiel se ele permite, se ele colaborar. Meu irmão e irmã, Ele também está ativamente presente em você nos sete sacramentos, especialmente na Eucaristia. Através deles, Jesus nos deixa os meios de entrarmos em contacto com Ele, de participar de Sua vida. Ele mesmo nos disse: "Venho para que tenham a vida e em abundância" (Jo 10,10).

Para refletir:

Querido(a) ouvinte, como novas criaturas em Cristo, é nosso dever testemunhar Cristo, sermos transparentes no apostolado, para que os outros, ao se aproximarem de nós, se aproximem também de Cristo.

V. Os sacramentos da Vida Eterna

CIC § 1130

A Igreja celebra o mistério de seu Senhor “até que Ele venha” e até que “Deus seja tudo em todos” (1 Cor 11,26; 15,28). Desde a era apostólica a liturgia é atraída para seu termo (meta final) pelo gemido do Espírito na Igreja: “Maran athá!” (Palavras aramaicas que significam: “O Senhor vem”) (1 Cor 16,22). A liturgia participa assim do desejo de Jesus: “Desejei ardentemente comer esta páscoa convosco (...) até que ela se cumpra no Reino de Deus” (Lc 22,15-16). Nos sacramentos de Cristo, a Igreja já recebe o penhor da herança dele, já participa da Vida Eterna, embora ainda “aguarde a bendita esperança, a manifestação da glória de nosso grande Deus e Salvador, Cristo Jesus” (Tt 2,13). “O Espírito e a esposa dizem: Vem! (...) Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22,17.20).

Santo Tomás resume assim as diversas dimensões do sinal sacramental: “Daí que o sacramento é um sinal rememorativo daquilo que antecedeu, isto é, a Paixão de Cristo; e demonstrativo daquilo que em nós é realizado pela Paixão de Cristo, a saber, a graça; e prenunciador, isto é, que prenuncia a glória futura" [Sto. Tomás de Aquino, S. Th. III, 60,3].

Existe uma relação entre os sacramentos e a Vida Eterna.

Nos sacramentos a Igreja já recebe uma antecipação enquanto fica aguardando a ditosa manifestação gloriosa de nosso grande Deus e Salvador, Cristo Jesus.

"Pelo dom da graça, que vem do Espírito Santo, o homem entra 'numa vida nova', é introduzido na realidade sobrenatural da própria vida divina e torna-se 'habitação do Espírito Santo' (Rm 8,9), 'templo vivo de Deus' (1Cor 6,19).

O homem vive em Deus e de Deus, vive 'segundo o Espírito' e 'ocupa-se das coisas do Espírito'." (João Paulo II - Dominum Et Vivificantem. 58).

Essa nova vida em Cristo já é, na verdade, o começo da vida eterna. Trazemos em nós, pela graça, toda a beleza do mundo que há de vir, assim como a semente traz em si a flor e o fruto.

Para refletir:

Amigo(a) ouvinte, "o cristianismo não é aquele amontoado de obrigações deprimentes que as descrentes fantasiam: ao contrário, é paz, alegria e amor! É vida que se renova constantemente. A fonte desta alegria está em Cristo, o Ressuscitado, que convida a todos nós a sermos uma nova criação na expectativa da bem-aventurança eterna." (Papa João XXIII).

Esta nova criação se inicia com o nosso batismo, cresce e floresce pelos sacramentos que nos são oferecidos.

O(a) amigo(a) ouvinte tem procurado preparar-se de modo conveniente para receber os sacramentos? Talvez possa dedicar uma parcela de seu tempo para ajudar os irmãos na pastoral de sua paróquia.

Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança