A celebração sacramental do mistério pascal (CIC § 1135 a 1139)

A catequese da liturgia implica primeiramente a compreensão da economia sacramental (Capítulo I). À sua luz revela-se a novidade de sua celebração. No presente capítulo, portanto, tratar-se-á da celebração dos sacramentos da Igreja. Considerar-se-á aquilo que, pela diversidade das tradições litúrgicas, é comum à celebração dos sete sacramentos; o que é próprio de cada um deles será apresentado mais adiante. Esta catequese fundamental das celebrações sacramentais responderá às questões primordiais que os fiéis levantam a este respeito: Quem celebra? Como celebrar? Quando celebrar? Onde celebrar?

I. Quem celebra?

CIC § 1136

A liturgia é “ação” do “Cristo todo” (“Christus totus”). Os que desde agora a celebram, para além dos sinais, já estão na liturgia celeste, em que a celebração é toda festa e comunhão.

Como afirma no início o Catecismo que "a liturgia é ação de toda a Igreja, do Cristo total", na expressão técnica do Catecismo, citando Santo Agostinho e outros grandes santos da Igreja, onde se lê também: "Os que desde agora celebram, para além dos sinais, já estão na liturgia celeste, onde a celebração é toda festa e comunhão". Meu irmão, por aqui já se percebe a dupla dimensão da liturgia: celeste e terrestre. Assim, há os celebrantes da liturgia celeste e os da liturgia sacramental, terrestre. Não duas liturgias, mas uma única, eterna, da qual o Espírito Santo e a Igreja nos fazem participar, quando celebramos, mesmo nas precariedades do mundo, o mistério da salvação.

A liturgia cristã é, sem sombra de dúvidas, o momento culminante da vida da Igreja, povo de Deus, da atuação do Espírito Santo e da presença do Cristo glorioso. Na liturgia age o "Cristo todo" ("Christus totus"), Cabeça e Corpo, que é a Igreja militante e triunfante.

O que a liturgia cristã faz é o memorial de Cristo e da nossa salvação, ou seja, torna presente, através da celebração, o acontecimento definitivo do Mistério Pascal. Através da celebração litúrgica, nós somos inseridos nas realidades da sua salvação.

Sendo a Liturgia ação de Deus e de seu povo, ela não pode nunca ser ação de algumas pessoas ou de um determinado grupo ou movimento. Quem celebra é sempre o povo de Deus, o Corpo de Cristo, uma comunidade reunida por Cristo e em Cristo na unidade do Espírito Santo. Não se trata aqui de um povo qualquer, mas de um povo formado por pessoas que acolhendo o convite de Deus pela escuta da Palavra se reúne em assembléia para celebrar.

OS CELEBRANTES DA LITURGIA CELESTE

CIC § 1137

O Apocalipse de São João, lido na liturgia da Igreja, revela-nos primeiramente “um trono no céu e, no trono, alguém sentado [Cf. Ap 4,2] ”: “o Senhor Deus” (Is 6,1 [Cf. Ez 1,26-28] ). Em seguida, o Cordeiro, “imolado e de pé” (Ap 5,6 [Cf Jo 1,29] ): Cristo crucificado e ressuscitado, o único sumo sacerdote do verdadeiro santuário [Cf Hb 4,14-15] , o mesmo “que oferece e é oferecido, que dá e que é dado [Liturgia de S. João Crisóstomo, Anáfora] ”. Finalmente, “o rio de água da vida (...) que saía do trono de Deus e do Cordeiro” (Ap 22,1), um dos mais belos símbolos do Espírito Santo [Cf. Jo 4,10-14; Ap 21,6].

"O Apocalipse de São João revela-nos, primeiramente, um trono no céu, e, no trono, Alguém sentado (Ap 4,2), que é o Senhor Deus (Cf. Is 6,1; Ez 1,26-28). Em seguida, mostra-nos o "Cordeiro imolado e de pé", Cristo, (Ap 5,6), o mesmo que oferece (sacerdote) e é oferecido (vítima), que dá (Deus) e é dado (dom). Finalmente, na referência ao mistério da Trindade, o Apocalipse nos mostra o "rio de água da vida", ou seja, o Espírito Santo, que saía do trono de Deus e do Cordeiro (Ap 22,1). Aqui, pois, a essência trinitária da liturgia e sua sublimação mais profunda." (cf. Bíblia de Navarra).

CIC § 1138

“Recapitulados” em Cristo, participam do serviço do louvor a Deus e da realização de seu desígnio: as potências celestes [Cf Ap 4-5; Is 6,2-3] , a criação inteira (os quatro viventes), os servidores da antiga e da nova aliança (os vinte e quatro anciãos), o novo povo de Deus (os cento e quarenta e quatro mil [Cf. Ap 7,1-8; 14,1] ), em especial os mártires “imolados por causa da Palavra de Deus” (Ap 6,9) e a Santa Mãe de Deus (a mulher [Cf. Ap 12,1] ; a Esposa do Cordeiro [Cf. Ap 21,9] ), e finalmente “uma multidão imensa, impossível de se enumerar, de toda nação, raça, povo e língua” (Ap 7,9).

"Aqui o Catecismo começa com o termo: "Recapitulados em Cristo", ou seja, mergulhados em seu Mistério Pascal e redimidos pelo sangue redentor do Filho de Deus, participam do serviço de louvor a Deus e de seus desígnios:

a) A santa Mãe de Deus (Ap 12,1), como estrela mais luminosa da obra da redenção;

b) As potências celestes, isto é, os coros angélicos (Ap 5,11-12; Is 6,2-3);

c) A criação inteira, representada nos quatro viventes (Ap 4,6b-8);

d) Os servidores da antiga e da nova aliança, ou seja, as doze tribos de Israel e os Doze Apóstolos, aqui representados pelos vinte e quatro anciãos, sentados em tronos e vestidos de branco, tendo coroas de ouro na cabeça (Ap 4,4);

e) O novo povo de Deus, simbolicamente representado pelos 144.000 assinalados (Ap 7,4-8), especialmente os mártires, isto é, os imolados por causa da Palavra de Deus (Ap 6,9-11), e também a Igreja, Esposa do Cordeiro (Ap 21,9), na sua realidade também mística. Finalmente, uma multidão incontável de todas as nações, raças, povos e línguas (Ap 7,9-10), caracterizando a universalidade da redenção operada por Cristo, no desejo do Pai." (cf. Missal Romano; A Celebração na Igreja (vol. 1, 2 e 3); Estudos da CNBB - nº 79 e Por Uma Consciência Litúrgica (J.A.).

CIC § 1139

É dessa liturgia eterna que o Espírito e a Igreja nos fazem participar quando celebramos o mistério da salvação nos sacramentos.

"É tão grande o nosso Pontífice, Jesus Cisto, tão extenso o seu Sacerdócio, que ainda hoje e para sempre Ele desempenha o papel de mediador e continua o seu sacrifício para a nossa santificação.

No dia da ascensão, Jesus Cristo, Pontífice supremo da raça humana, levou-nos consigo para o céu, onde nos prepara um lugar.

Ali, diante do Pai, apresenta-lhe incessantemente o seu sacrifício. Como o Pai não há de atender o "Filho de suas complacências?". Unida a Ele, toda Igreja triunfante, juntamente com os Espíritos celestiais, celebra a liturgia celeste." (Cardeala Dom Eugênio Sales).

Para refletir:

Amigo(a) ouvinte, Cristo é o centro da história da salvação e da liturgia. Por isso o cristão é chamado a um encontro pessoal e íntimo com Ele. É chamado a identificar-se com Ele, buscando Sua face, fazendo Sua vontade, tendo Seus sentimentos e Seus critérios de valores.

Pela liturgia, Ele nos faz participantes de sua própria vida e consequentemente também da liturgia celeste.

A participação na liturgia nos leva a crescer no amor e prepara-nos para a união com Deus. Somos membros do corpo místico de Cristo e da comunhão dos Santos. Pela liturgia nos unimos a Cristo Cabeça e a todos os irmãos.

Amigo(a) ouvinte procure ler a epístola aos hebreus capitulo 4,11 a 5,10 capítulo 7, que falam sobre Jesus Cristo, nosso sumo sacerdote.

"Roguemos prezado(a) ouvinte, todos a Deus todo Poderoso, para que conceda a todos nós o ardente desejo de possuir o reino celeste, para que, recorrendo com as nossas boas obras ao encontro do Cristo que vem, sejamos reunidos à sua direita, na comunidade dos justos." (cf. Oração do 1º Domingo do advento).

Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança