A Liturgia da Palavra comporta “os escritos dos profetas”, (CIC § 1349)

A Liturgia da Palavra comporta “os escritos dos profetas”, isto é, o Antigo Testamento, e “as memórias dos Apóstolos”, isto é, as epístolas e os Evangelhos; depois da homilia, que exorta a acolher esta palavra como ela verdadeiramente é, isto é, como Palavra de Deus [Cf 1Ts 2,13] , e a pô-la em prática, vêm as intercessões por todos os homens, de acordo com a palavra do Apóstolo: “Eu recomendo, pois, antes de tudo, que se façam pedidos, orações, súplicas e ações de graças por todos os homens, pelos reis e todos os que detêm a autoridade” (1Tm 2,1-2).

Na Liturgia da Palavra "O número de três leituras está atualmente em vigor para os domingos e dias de festa, ao passo que nos dias comuns se fazem duas leituras apenas.

As leituras dos domingos estão distribuidas num ciclo de três anos: A (Mateus), B (Marcos), C (Lucas). O Evangelho de João não tem ano especial porque é o evangelistas dos períodos solenes (fim da Quaresma, Páscoa...). Os capítulos de cada Evangelho são lidos sucessivamente no decorrer do ano. A primeira leitura é escolhida do Antigo Testamento de acordo com a temática do Evangelho: assim, quando o Evangelho fala de cura de um leproso, a primeira leitura apresenta a legislação do Antigo Testamento sobre a lepra ou coisa semelhante. Todavia o tempo pascal faz exceção a esta regra, pois não apresenta nenhuma leitura do Antigo Testamento, mas apenas os Atos dos Apóstolos e o Apocalipse em lugar deste.

A segunda leitura é tirada das epístolas do Novo Testamento: vão sendo lidas sucessivamente no decorrer de três anos, sem que haja [ligação] com o tema do Evangelho. Contudo pode-se dizer que o tema comum a todas as partes da Bíblia é a salvação que Deus oferece ao homem por intermédio de Jesus cristo.

As leituras feriais, isto é, não dominicais nem festivas, têm sua distribuição própria; no decorrer de um só ano se lêem seguidamente Mateus, Marcos e Lucas. A primeira leitura é tirada de dois ciclos anuais, ditos 'Ano impar' e 'Ano par'. Assim acontece que se um católico, participar diariamente da Santa Missa, ouve quase toda a Sagrada Escritura num período de três anos.

As duas primeiras leituras bíblicas terminam com a proclamação 'Palavra do Senhor'. Exigem, pois, uma resposta que seja o aprofundamento e assimilação do seu conteúdo. Em vista disto, após a primeira leitura existe o Salmo Responsorial com o seu refrão, escolhidos criteriosamente para proporcionar uma meditação do texto lido anteriormente; entre este e o salmo pode-se observar um momento de silêncio, que permita a oração pessoal. A importância do Responsorial é tamanha que convém cantá-lo de maneira viva e fluente.

Após o Evangelho, as rubricas prescrevem uma homilia nos domingos e festas de guarda; recomenda-se vivamente nos dias feriais, em particular no Tempo do Advento e da Quaresma. Praticamente não deveria haver Missa sem homilia, pois, esta torna atual e aplicada à assembléia a Palavra de Deus.
A Palavra de Deus é um sacramental, [ou seja]: ela santifica os fiéis não apenas na proporção do que entendem, mas na medida da fé e do amor com que cada um a ouve.

A proclamação da Palavra de Deus já é uma maneira de tornar presente o Senhor Jesus, que na Eucaristia se oferece ao Pai com a Igreja. Daí a atenção que merece tal Palavra na Liturgia. Conta-se que S. Antão (+ 356), certo domingo, ouviu no culto da palavra de Jesus: 'Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens e dá aos pobres... Depois vem, e segue-Me' (Mt 19,21). Logo que saiu da Igreja, vendeu tudo quanto possuia e foi para o deserto, onde se tornou o pai espiritual dos monges. Assim a Palavra de Deus fala com especial ênfase na Liturgia e pode suscitar respostas ousadas como aquela de Davi, que fez penitência quando ouviu o 'Tu és esse homem!' do profeta Natã (cf. 2Sm 11,1-7).

Após a homilia, nos domingos e festas, recita-se o Credo, pois ele, exprime a alegria do cristão por professar as verdades da fé; que colocado no limiar(início) do sacrifício eucarístico, antecipa a profissão de fé que a consagração do pão e do vinho (mistério da fé) exigem do cristão.

A Liturgia da Palavra encerra-se com a Oração dos Fiéis. O costume de rezar publicamente pelas grandes intenções da humanidade é tão antigo quanto o cristianismo: já São Paulo atesta em (1Tm 2,1s.): : 'Acima de tudo, recomendo que se façam preces, orações, súplicas, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranqüila, com toda a piedade e honestidade' . É oportuno que os próprios fiéis formulem seus pedidos; observem, porém, estilo sóbrio evitando discursos e comentários não pertinentes ao momento. Tenham em vista principalmente as grandes intenções da Igreja e da humanidade." (Cf. Escola Mater Ecclesiae, Curso de Liturgia por Correspondência, pág. 85, 86, 87 e 88, Dom Estévão Bettencourt).

Para refletir:

Prezado ouvinte, São Gregório disse: "Que a Bíblia é a carta de amor de nosso Pai e muitos de nós a deixamos fechada no envelope."

Participe da Liturgia da Palavra com atenção, respeito e amor tirando sempre um propósito concreto para seu crescimento espiritual.

E a você prezado(a) ouvinte que é responsável pela liturgia em sua comunidade eu quero dizer que: “É necessário ter sempre presente que no quadro dos textos das leituras da missa pode entrar somente a Palavra de Deus. A leitura da Sagrada Escritura não pode ser substituída pela leitura de outros textos, mesmo quando estes porventura contenham indubitáveis valores religiosos e morais." (Cf. João Paulo II - O Mistério e o culto da Santíssima Eucaristia 1º)

Prezado(a) ouvinte, continuemos a percorrer o rito da celebração da Eucaristia, considerando a partir de agora a Liturgia Eucarística propriamente dita, que se segue à Liturgia da Palavra.