A celebração do mistério cristão (§1071) A liturgia como fonte de vida

Além de ser obra de Cristo, a liturgia é também uma ação de sua Igreja. Ela realiza e manifesta a Igreja como sinal visível da comunhão entre Deus e os homens por meio de Cristo. Empenha os fiéis na vida nova da comunidade. Implica uma participação “consciente, ativa e frutuosa” de todos [SC 11] .

Liturgia é um serviço, uma ação sagrada. É ação de Deus que se mantém fiel à Aliança que um dia fez com seu povo. Esta ação de Deus nos liberta, nos transforma, nos santifica. Deus age em nosso favor plenamente em seu Filho Jesus. Este se faz servidor de todos e este serviço encontra sua plenitude na doação total de sua vida na cruz. Desta forma, o grande culto, a grande liturgia que Jesus realizou foi a entrega da própria vida, e assim Ele glorificou o Pai.

Mas, Liturgia é também ação dos cristãos. Todos nós que fomos batizados em Jesus Cristo formamos um povo sacerdotal e somos chamados a prestar culto a Deus, colaborando com Ele na transformação da vida, da história. É na liturgia que ao celebrarmos o mistério Pascal, encontramos o Senhor e penetramos mais intimamente nos mistérios do Reino. Há, portanto, dois movimentos em toda ação litúrgica: da parte de Deus, que nos santifica e da parte dos cristãos, que glorificam o Pai. A liturgia é ação de Cristo Cabeça e de seu Corpo que é a Igreja. Contém, portanto, a iniciativa salvadora que vem do Pai pelo Verbo e no Espírito, e a resposta da humanidade nos que se ligam, pela fé e pela caridade, no Cristo.

Se podemos falar em uma Liturgia vivida na ação, doação aos irmãos, isto é: o serviço de salvação pela vivência do Evangelho, pelo anúncio do Evangelho e toda a ação da Igreja, que inclui as boas ações de qualquer ser humano, na boa vontade da busca e promoção do bem, podemos falar também de uma liturgia ritual, celebrada com gestos, palavras, silêncio, cânticos, sinais, símbolos, através da qual a obra salvadora de Cristo se faz presente na vida dos cristãos. De fato, comemorando a obra de Cristo, a Liturgia de Cristo em favor da humanidade, esta obra se torna presente, se torna atual, no hoje dos que na fé em Cristo Salvador fazem sua memória.

O Catecismo também ensina que aos fiéis: “A liturgia implica uma participação consciente, ativa e frutuosa” de todos.

Participação ativa é o contrário da mera assistência. Não basta assistirmos a missa do mesmo jeito que assistimos a um programa de televisão. Na liturgia cada cristão faz parte da historia que está acontecendo. A atenção é complementada pela participação ativa das respostas, nos cânticos, nos gestos e no porte do corpo.

A participação na liturgia exige que mergulhemos de corpo e alma na celebração. Participar é mais do que cantar forte, fazer gestos, ou assumir algum ministério, como fazer leituras, comentário, etc. Participamos de forma plena quando nosso coração está sintonizado com o que acontece fora de nós.

Quem deseja participar de maneira ativa e plena deverá conhecer melhor a liturgia, ter uma participação consciente. Para isso é necessário estudar. Quem começa a descobrir as riquezas da liturgia apaixona-se por ela. A liturgia nos ajuda a contemplar, conhecer e amar como Ele é... Fonte de todo amor.

Temos de participar ativamente da Liturgia da Igreja. Se tivermos entendido bem este tema, teremos dado conta do quanto é importante participar das celebrações litúrgicas da Igreja, especialmente da Santa Missa, com a maior atenção e devoção. Nossa mãe, a Igreja, pede-nos que acorramos às celebrações de forma consciente (dando-nos conta do que fazemos), ativa (participando nas diversas cerimônias) e frutuosa (estando bem preparados para aproveitar ao máximo da celebração).

A participação na liturgia não é, pois, privilégio de alguns, mas direito e dever de todos os cristãos, fundamentalmente unidos a Cristo pelo sacerdócio batismal. Todo o povo de Deus é sacerdotal. O sacerdócio ministerial e o comum dos fiéis são explicitações do único sacerdócio de Cristo, expressando, cada qual, uma diversa relação de participação desse único sacerdócio, diversidade não apenas de grau, mas de essência, de acordo com a especificidade de cada um (LG 10).

Concluindo este parágrafo querido(a) ouvinte, o Magistério da Igreja afirma que a participação de todos na liturgia exige, pois, disposições pessoais e testemunho de vida (SC 11). Participação ativa, interna e externa (SC 19), com palavras, gestos e atitudes (SC 30), respeitando o que compete a cada um (SC 31), sem acepção de pessoas (SC 32).

Diácono Antonio Carlos
Comunidade Católica Nova Aliança